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20.8.10

Pintura: Mézz - Susanna Aune

Mézz é uma série de 20 pinturas feitas em acrílicos de embalagens de CDs com tinta acrílica. Cada pintura é feita a partir da junção de módulos pintados e sobrepostos.

As imagens de cada módulo não são pensadas com antecedência, o foco está em brincar com gestualidade e rapi¬dez. A tinta acrílica é depositada no suporte transparente diretamente do tubo. São camadas grossas que formam imagens abstratas explorando diferentes possibilidades de efeitos para evidenciar a materialidade e revelar elementos pictóricos através de texturas, volumes e sobreposições.

Assim, a composição varia de acordo a incidência da luz através das sombras pro¬jetadas pelo distanciamento entre os módulos. A montagem segue padrões fundamentais de linguagem visual como a relação entre movi¬mento, figura e fundo, contraste de cores e as possibilidades de sombreamento. A moldura é a ferramenta de acabamento e junção dos módulos.

A s embalagens de CDs são cada vez menos utilizadas, uma vez que os CDs substituem-se por outras mídias digitais (como o pendrive, por exemplo). Resta, portanto, uma grande quantidade dessas embalagens no mundo. É um material acessível de baixo custo que proporciona uma produção em larga escala. O acrílico é um material que tem características que contribuem para este trabalho: é um objeto translúcido, liso e leve.

As embalagens podem ser usadas como módulos, já que têm dimensões padroniza¬das, permitindo a sua repetição não só nos sentidos horizontal e vertical como também para frente e para trás, possibilitando efeitos de profundidade. Desta forma as três dimensões são exploradas. A transparência do material permite a sobreposição dos módulos e tam¬bém a possibilidade de mutação de fundo através do deslocamento da pintura em rela¬ção ao ambiente na qual está situada.

A s caixas de CDs relacionam-se direta¬mente com a música trazendo elementos como ritmo, harmonia, equilíbrio e tom também no contexto pictórico. Essa característica aproxima-se com o que defendeu Kandinsky (1866-1944) na década de 1910 quando desenvolve o Abstra¬cionismo. Ele relacionou as cores (ondas cromáti¬cas) com o som (ondas sonoras). Da mesma forma que a cor vem aos olhos o som vem aos ouvidos. Assim, o Abstracionismo trabalha ele¬mentos, como manchas de cor e linhas, buscan¬do simbolismos subjetivos da mesma forma que a música.

A relação entre as pinturas e o jazz é o pro¬cesso de composição. Cada módulo foi pintado in¬dependente dos outros e, no final do processo foram agrupados em busca de uma relação de harmonia nas sobreposições. No jazz, o processo criativo no momento da improvisação é bem semelhante, o músico tem o tom como ponto de partida e dele podem ser feitas diversas combina¬ções. Cada instrumento possui um universo a ser ex¬plorado dentro do tom inicial, e cabe ao indivíduo escolher os elementos que compõem um resultado harmônico em relação ao grupo.

N orman McLaren (1914-1987) em suas animações, como “Boogie Doodle (1941)” utiliza formas abstratas em movimento sincronizadas ao ritmo de Jazz, com cores chapadas, formas e movimentos simples feitos manualmente.




Nas mãos espontâneas de Susanna Aune, capas de Cds transformam-se em suporte transparente, em possíveis com¬binações de camadas, em jogo de luz e sombra, em gestuali¬dade, em fetiche tátil, em brincadeira com cores.
Em dias como os últimos, de nossas quase revoluções, o humor suave e convidativo destes quadrinhos tridimensionais é como o jazz em trilha sonora de nostálgicos e coloridos desenhos animados dos tempos do bolachão.
Que haja alegria e coragem para transcender
o desperdício de nossas infinitas possibilidades.

Clara Acioli



Há o que esteja atrás? A frente é a fusão dos elementos intercambiados e tudo vira, e tudo interfere e cada elemento/indivíduo resigna-se na conjunção macia e vívida do meio que torna-se presente, que se faz passado e une. E na trasparência dos empastos, elementos distintos de toda a humanidade.
Susanna a une.

Mana Gi


Agradeço às artistas plásticas
camila soato e clara acioli

As nuvens de Vik Muniz




Escolhi a série “Quadros de Nuvens”, de 2001, porque difere-se da linguagem normalmente utilizada pelo artista. É um encontro da fotografia com a intervenção urbana e, ao mesmo tempo, aproxima-se conceitualmente da land art. É seu primeiro trabalho de arte pública. A obra consiste em fotografias (registros) de ambientes urbanos onde são inseridas no céu imagens de nuvens feitas artificialmente pela fumaça expelida por um avião contratado pelo artista.

O céu como suporte:

“No céu, onde as pessoas esperam ver nuvens, elas continuariam a ver uma nuvem, só que na forma de um desenho.” Vik Muniz

O artista retira o objeto de seu meio natural, modifica-o e o repõe novamente. A nuvem perde a sua naturalidade enquanto objeto pertencente ao seu habitat (céu) a partir do momento em que é fabricada. Porém, ao mesmo tempo, a nuvem sempre pertencerá ao céu, não causando estranhamento ao espectador mesmo que seu formato não seja natural. É como se ela estivesse sempre ali. Há uma troca, ou confusão entre o que é real ou parte da imaginação.

(...) uma obra contemporânea, ao requisitar a espacialidade do mundo em comum para individualizá-la, não possui autonomia para se desembaraçar totalmente dele (...) Uma obra contemporânea não transforma o mundo em arte, mas ao contrário solicita o espaço do mundo em comum para nele se instaurar como arte” Alberto Tassirari

Aquele objeto que por sua forma, somente poderia pertencer aos desenhos animados, ou ao universo infantil ( universos imateriais) pelo seu contorno vem à tona na realidade. O céu deixa de ser o limite para transforma-se em suporte.


Subvertendo os materiais tradicionais do desenho, o artista utiliza um avião como lápis e o céu como suporte. O trabalho impressiona por ser real; não é feito em um programa de computador ou com artimanhas durante a revelação – o que se vê é o que é: uma nuvem desenhada no céu.

Intervenção urbana?
Apesar o artista somente considerar os registros como obra, pode-se discorrer sobre o momento em que a nuvem é feita no céu como um evento. Enquanto o artista busca o melhor ângulo para eternizar a obra, há milhões de espectadores em vários pontos da cidade observando e absorvendo o momento, fato que não pode ser dissociado da obra. Porém, o fato de o artista atuar no ambiente urbano para em seguida trazer a obra para dentro da instituição traz um novo questionamento acerca do conceito de intervenção urbana a fim de discutir o limiar entre o marginal e a instituição.

“Em vez disso, impõe-se um outro tipo de intervenção: superposição, em escalas diferentes, de diversos planos, de modo a misturar todas as referências fixas, anulando as marcas tradicionais da cidade. Predileção por figuras de limite, entre o material e o virtual, a arquitetura e a pintura, o urbanismo e o cinema. Interferências simultâneas nas duas áreas implicam a justaposição delas, uma colagem que opera por contiguidade.” Nelson Brissac

Sobre Vik Muniz: www.vikmuniz.net/

Este carro ainda é um carro?




Esta fotografia foi tirada na w3 sul. Ela faz parte de uma série de fotografias de carros abandonados aqui em Brasília. Não sei que nome daria - não tenho preocupação em nomear meus trabalhos. Gosto da forma como este carro virou parte de uma gambiarra de objetos pertencentes a inúmeros universos utilitários e de materiais possíveis em nossso mundo. Ai está!

Mais em: http://suaune.multiply.com/

Perito das cores: Damien Hirst



Damien Hirst e suas pinturas giratórias (ou Spin Paintings).

o Dicio.com.br diz que Significado de Perícia é:

s.f. Qualidade de perito; habilidade, destreza.
Exame feito por perito, isto é, por pessoa habilitada.


Mais sobre Damien Hirst em: http://www.damienhirst.com

19.8.10

Catedral Rosa

"Catedral Rosa" foi uma intervenção idealizada por Fábio Baroli e Susanna Aune. Realizada com a colaboração de um grupo de pessoas, o trabalho se constituiu ao modificar a iluminação da Catedral de Brasília através de interferências nos refletores do monumento em 28 de junho de 2006, dia do orgulho gay.

A intervenção prezou pela conservação do patrimônio, não danificando sua estrutura física. Contudo, de maneira sutil e poética, buscou questionar paradigmas histórico-sociais apontando a igreja como a grande ditadora de nortes morais e artístico-culturais em que a assepsia do branco é um gene dominante na estética modernista de Oscar Niemeyer.

Ainda em 2006, o trabalho foi convidado a participar do "multipliCIDADE", evento organizado pelo Coletivo Entretantos que promove ações e intervenções urbanas na ilha de Vitória, em Espírito Santo. Em 2010, no ano do cinquentenário da capital do país, foi homenageado pela curadora Renata Azambuja na exposição "arquivo Brasília: cidade imaginário"; e através em uma enquete popular lançada pelo Jornal Correio Braziliense, "Catedral Rosa" foi eleita a obra mais significativa dos 50 anos que marcaram a história de Brasília.


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Idealização e Realização: Fábio Baroli e Susanna Aune | Colaboração: Bebel, Bel, Camila Soato, Eduardo Alves, Élisson Prado, Heber, Márcio Mota, Raquel Nava e Stanley Altoé | Filmagem local: João Angelini | Filmagem panorâmica: Luciana Paiva e Matias Monteiro | Fotografia: Wanderson França | Edição: André Valente e Fábio Baroli

Tubo de Ensaios



Tubo de Ensaios é um projeto da UnB com objetivo de experimentação entre as diversas formas das artes cênicas e linguagens artísticas no campo performático.
Alunos graduandos, pós-graduandos, artistas locais e pesquisadores participam produzindo seus números, coexistem todos juntos e ao mesmo tempo nos dias das apresentações, resultado da multiplicação e recriação de metodologias artísticas

A ideia de performances coletivas em locais inusitados - é a marca registrada do projeto que se realiza há 10 anos.

A edição “Brasílias”

A edição comemorativa trará, além da novidade temática, as oficinas preparatórias.
O tema será explorado por meio da história da UnB e de Brasília, a ser contada pelas apresentações. Essas por sua vez, serão fruto das oficinas preparatórias.
As oficinas ocorrerão nas Semanas Preparatórias do Tubo de Ensaios, quando os interessados inscritos, terão 20 dias para produzirem em conjunto sua peça performática.Esses resultados serão as apresentações finais a serem apresentadas nos dois dias do evento.
As inscrições serão gratuitas.


Serviço
Tubo de Ensaios 2010 'Brasílias'
Quando: 21 e 22 de agosto de 2010
Onde: Instituto Central de Ciências - ICC, Entrada sul –
Campus Universitário Darcy Ribeiro – UnB – Asa Norte – Brasília, DF.
Horário: dia 21 Sábado às 21h e no dia 22 domingo às 20h

BLOG: http://www.tubodeensaiosunb.blogspot.com/

Sobre arte na cidade

Nelson Brissac diz: O artista não busca lugares particularmente dotados de significado histórico ou imaginário já garantido. Ele não trabalha com a imagem deles, mas essa confrontação espacial. Ele procura converter esses locais de trânsito, típicos de nossa dinâmica urbana moderna, em locais de experiência.

BRISSAC, Nelson. Arte e cidade. In: MIRANDA, Danilo Santos de (coord.). Arte Pública. São Paulo: Sesc, 1998.